quarta-feira, 12 de abril de 2017

Dória e André Sturm recuam, voltam os Programas: Vocacional e Piá?

Dória e André Sturm recuam, voltam os Programas: Vocacional e Piá?
O ano começou cinza em São Paulo, uma simbologia que cabe bem, diante dos sinistros ataques e perseguições politicas que os artistas iriam sofrer do recém-empossado prefeito.
Diante de um congelamento de 43,5% do orçamento da cultura, se formou um movimento de todos os artistas atuantes da cidade de São Paulo. Já sabemos de onde vem essa prática de gestão, já sabemos de onde veio a concepção de “diálogo” do governo municipal. Veio importado do autoritário governo do estado, Geraldo Alckmin. Restava saber apenas qual a velocidade com que os direitos dos que trabalham para que o povo tenha acesso à cultura, seriam cortados.
O slogan do prefeito Dória foi bem definido em sua campanha eleitoral: “acelera”. Ele indicava que os cortes viriam rapidamente. Na cultura eles começaram atacando o Fomento à dança, revogando a Lei que determinava a sua bienalidade, isso acabou cortando parte significativa do orçamento para a linguagem, e afetando drasticamente os dois maiores programas de formação da cidade: Piá e o Vocacional, que também contou com o corte da bienalidade, bem como o edital de chamamento dos artistas aprovados, ignorado. Segundo o secretário de cultura André Sturm, por conta de uma clausula do edital que não havia sido cumprida, o da prorrogação dos contratos,
por existirem erros no edital, Sturm, não assume suas ações políticas, e joga a batata quente para a "assessoria" jurídica que não aceita o edital e o chamamento dos artistas, e segundo o secretário, decide com a palavra final.
Com a descontinuidade dos trabalhos culturais realizados nos espaços de cultura da cidade, CEU`s, Casas de Cultura, Bibliotecas, deixaram de ser contratados 336 artistas dos programas Vocacional (15 anos) e Piá (8 anos).
Muitos participantes desses programas que já têm mais de uma década se tornaram trabalhadores da cultura pelo mesmo programa em que começaram suas vidas artísticas. O que nasce como prática de descoberta de cada um, enquanto indivíduo na invisibilidade da sociedade, e num segundo momento se torna a possibilidade de profissão e de sobrevivência.
Por conta destes projetos, vários outros se desenvolveram, como é o caso do programa Vai I e Vai II, programas de incentivo à produção artística de novos artistas da cidade, também desenvolveu o “Fomento à Periferia”. A arte da periferia de São Paulo ganhou autonomia, se construiu livre, agregou conhecimento, desconstruiu visões sobre a arte “tradicional”, se desenvolveu, criou potência.
Depois de tantos anos de crescimento artístico da maior metrópole cultural da América Latina, o pensamento de Dória e Sturm, simplistas que são, constituem um macabro reality show da prefeitura de São Paulo, e só poderia trazer nefastos resultados aos trabalhadores dos programas e principalmente à população da periferia. As visões de ambos se inserem em uma lógica arrogante, autoritária, privatista e para benefício de uma minoria abastada, praticando uma administração que combina uma suposta modernidade administrativa com os antigos hábitos senhoriais da casa grande, hoje a serviço de um capitalismo em crise.
A unidade construiu a luta e dela veio a vitória
Diante do ataque, a resposta da categoria artística da cidade não demorou muito a vir. No dia 27 de março uma grande reunião saiu em marcha do Teatro Municipal de São Paulo seguindo até a Galeria Olido (Sede da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo). Cada artista com a sua performance, em frente à secretaria foi improvisado um palanque para recebimento do personagem de “Mário de Andrade” declamando o poema “Ode ao Burguês”, do próprio Mário de Andrade. Porém com uma novidade, o poema foi declamado em jogral com sete mil artistas na rua, que seguiram até a sede da prefeitura de São Paulo onde fizeram projeções de palavras de ordem como: “Descongela Cultura Já”, “Contra o Desmonte da Cultura”. Sete geladeiras foram chumbadas em frente à sede da prefeitura, cada uma com uma letra de C U L T U R A.
Desde que ocorreu a manifestação, ocorreu uma série de “auto-demissões” da Secretária Municipal de Cultura, uma prova clara de que o diálogo do secretário era esquizofrênico.
Em outro momento os programas, Vocacional e Piá, apareceram na grande mídia com os usuários da periferia fazendo duras críticas à atual gestão, contra o desmonte desses programas.
De repente veio a notícia da secretaria que nesta próxima semana sairá um novo edital de chamada destes programas e que serão convocados de 60 à 70% da lista de credenciados em 2015. Uma grande conquista da mobilização unitária dos trabalhadores da cultura da cidade de São Paulo. Porém vários colegas não serão chamados, pois a primeira medida do secretário foi rodar a lista de credenciados da cultura e apenas agora “volta atrás” nesta continuação nefasta de um afastamento em massa destes artistas.
Agora se trata de seguirem alertas, mobilizados e organizados! Esse deve ser o objetivo de todos os que lutaram. Agora todos sabem que, quando unidos podem ser vitoriosos, podem derrotar os planos de congelamento e de austeridade de Dória e de qualquer governo, principalmente quando unidos à população trabalhadora da periferia!
Karllo Baall

Um comentário:

  1. muito legal. uma bela mobilização, agora seria mais legal ainda se esses lutadores se engajassem na preparação e realização da Greve Geral em 28 de abril, contra as terceirizações, o desmonte da previdência, o desemprego

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