quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ocupa Brasília 24 de Maio, mais um dia histórico


Por  *José Carlos Miranda


Mais um dia histórico. Num crescente na luta da classe trabalhadora, dezenas de milhares de trabalhadores e jovens desde a manhã do dia 24 de maio começaram a chegar à Brasília. Delegações de todos os cantos do Brasil e a primeira constatação: trabalhadores e jovens. CUT, Força, UGT, CTB, Conlutas, Intersindical, NTSC, CGTB, CSB, Confederações, organizações políticas, sindicatos independentes, coletivos de jovens, UNE, MST, MTST, algumas bandeiras de partidos políticos de esquerda PT, PSOL, PCdoB, PCB, PCO, por mais incrível que pareça, dividindo o mesmo espaço e em uníssono gritando Fora Temer Diretas Já! Vale ressaltar que alguns poucos entre as dezenas de milhares tinham faixa com outras palavras de ordem, porém eram muito minoritários.

Pela segunda vez em menos de um mês, a Frente Única se realizou, e mais uma vez a iniciativa estava com a classe trabalhadora, mostrando sua força e a possibilidade de avançar para derrotar o governo e os capitalistas com suas reformas de brutal ataque às conquistas e direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Nosso ônibus lotado com operários vidreiros, alimentícios, bebidas chegou cerca de 10:30, quando iniciou a concentração no estádio Mané Garrincha, onde contamos mais de 300 ônibus e mais gente chegando. Por volta das 12h esticamos nossa faixa “M-LPS DIRETAS JÁ -Vidreiros CUT” e começamos a integrar a marcha até a esplanada. A alegria e disposição de todos era contagiante, em um momento único parece que as divergências desapareceram!


Durante o caminho, nos aproximando da esplanada dos ministérios, vimos alguns aglomerados, em especial da Força Sindical voltando, nós estávamos no bloco da CUT ao lado dos petroleiros, continuamos caminhando. Chegando no gramado da Esplanada dos Ministérios vimos ao longe dois carros de som e continuamos a seguir em direção a eles quando ouvimos os primeiros estrondos e continuamos a caminhar. 



Nos mantivemos com nossa faixa a cerca de 50 metros do carro de som e vimos uma chuva de bomba de gás lacrimogêneo na manifestação legítima e pacífica. Foi uma batalha que durou várias horas: eles jogavam as bombas, a gente se afastava, abafávamos a fumaça tóxica e voltávamos e assim prosseguiu até a retirada dos carros de som.

Foi uma guerra campal que durou horas e uma violência desmedida da polícia militar. Seguramente o objetivo da violenta repressão era impedir que a Marcha de milhares se reunissem em um ato político. A solidariedade entre todos que estavam na linha de frente, panos com vinagre, leite de magnésia para aliviar a ardência, socorro imediato entre os que eram intoxicados, mantiveram a resistência por horas para tentarmos realizar o ato pacífico.




É claro que após tanta repressão e violência, as pessoas se dispersaram e começaram a se defender como com atos exagerados e alguns ruins, como quebrar pontos de ônibus que os trabalhadores utilizam. Mas isso não é nada perante a brutalidade e violência da polícia que atirava no rosto das pessoas e jogava bombas e atirava balas de borracha no local onde estava a manifestação pacífica.

Aqui vale ressaltar a coragem e ousadia tão necessária nesses graves momentos. E temos que registrar e saudar os militantes que estiveram na resistência e na linha de frente, a faixa do MAIS, do PSTU, CST, Juntos e militantes com camisetas da CUT, PSOL, PT, PCO, Levante, CTB e nossos camaradas operários do M-LPS que ficaram na linha de frente até o fim lutando ombro a ombro durante todo tempo da resistência.




E quando já estávamos de volta ao estádio Mané Garrincha para entrar nos ônibus, 
quando o ato já havia terminado, vimos passar por nós caminhões do exército. Mais um ato desesperado do frágil governo Temer.

Ocupa Brasília em 24 de maio nos trouxe várias lições:
- A capacidade de luta e ousadia da classe trabalhadora; milhares viajaram até Brasília, a classe e a situação impôs a Frente Única;
- É necessário e urgente manter a mobilização e a unidade para convocar uma nova Greve Geral;
- Os de cima ainda estão divididos e perplexos com a nova situação e procurarão deixar o povo trabalhador de lado para costurar uma “saída controlada”, é necessário ampliar atos em todo país por DIRETAS JÁ contra o pacto nacional que insinuam costurar;  
- A necessidade de articular um comitê permanente das organizações da esquerda socialista para enfrentar o período que se abre.

 E finalizo parabenizando os operários vidreiros do M-LPS que estiveram na linha de frente, que de forma criativa e militante pintaram suas faixas, camisetas, resgatando as mais firmes tradições operárias.

Esse é o caminho que pode possibilitar a auto-organização dos explorados e oprimidos, a criação dos comitês nos bairros, fábricas, locais de estudo e moradia, na luta contra as reformas por Diretas Já, por uma Constituinte Soberana e no desenvolvimento deste combate criar as condições para a ofensiva do povo trabalhador e da juventude para derrubar este sistema podre e abrir o caminho da luta pelo socialismo.


* Miranda é da Coordenação Nacional do M-LPS e veterano militante revolucionário e socialista do movimento operário brasileiro e internacional

PS: todas as fotos deste artigo foram tiradas por Miranda e Cacilda militantes do M-LPS

3 comentários:

  1. O Movimento Luta Pelo Socialismo está nas ruas e na luta
    É sempre estatemos

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  2. O Movimento Luta Pelo Socialismo está nas ruas e na luta
    É sempre estatemos

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