quinta-feira, 1 de junho de 2017

O nosso grito é: Fora Sturm!


Por *Carlos Bals

André Strum e Dória - Brasil de Fato 31/5/17
Depois do episódio em que o secretário municipal de cultura, André Sturm, ameaçou quebrar a cara de um agente do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo em 29 de maio, caiu a gota d`água de uma série arbitrariedades do secretário, que tem um tratamento desequilibrado com os agentes culturais da cidade, e que demonstra na frieza de suas falas, um amplo desconhecimento sobre políticas culturais da cidade de São Paulo, mostra que muito além do partido e o projeto que representa, brinca de ser um gestor público, como se estivesse brincando de casinha.



Ocupação da Secretária de Cultura Marcos Alves / Agência O Globo
No conjunto de medidas de Sturm, a prefeitura tenta sucatear os projetos que estão em andamento na cidade a mais de 15 anos e provoca a maior demissão em massa de trabalhadores da cultura da história de São Paulo, e não por falta de verba, pois esta estava aprovada e em caixa, mas sim por uma ruptura, ou seja, projetos nascidos na gestão petista de 2001 tiveram sequencia na gestão Serra/Kassab, o que demonstra que mesmo fora do ideal, e com dificuldades, das gestões tucanas, este secretário é o mais despreparado dentre todos os outros que ocuparam este cargo. Ora camaradas, estamos falando da maior secretaria de cultura da América Latina, ocupada por Mário de Andrade!
Durante todos estes anos, a cultura de São Paulo se desenvolveu amplamente, o que é produzido aqui, se torna referência no mundo, a cultura da cidade produz conhecimento de todas as linguagens artísticas. Muitos dos jovens que entraram em projetos de cultura nas periferias, hoje se tornaram agentes culturais, alguns concluíram curso superior, viraram mestres e doutores na área, a grande maioria do corpo de cultura da cidade, tem mais formação, conhecimento e nível teórico e prático superiores ao do secretário.

Resistência e luta

Ativistas culturais ocupam a Secretaria de Cultura de São Paulo
Dia 31/05/2017 houve um ato importantíssimo para a cidade, o andar do gabinete do secretário municipal de cultura de São Paulo é ocupado por toda uma classe artística (em grande parte periférica), representando vários setores da cultura, o secretário fica sitiado em seu gabinete, e sai escoltado em uma viatura da GCM, os artistas não querem mais “dialogar” com Sturm, o assunto agora é com o prefeito João Dória, que evidentemente envia seu secretário de relações governamentais Milton Flávio para ser mediador com os artistas da ocupação. A prefeitura está se preocupando com a sua imagem, tudo está sendo gravado e filmado o tempo inteiro e lançado na internet com as hashtags usadas por João Dória, que a partir do momento que começa a utilizar as ferramentas comuns da internet para fazer suas propagandas em redes sociais, se depara também com o campo amplo e democrático do uso destas mesmas ferramentas pelos coletivos.

Na maioria os ocupantes são ativistas do movimento cultural da periferia da cidade
Uma medida acontecida ontem à noite, foi a retirada das viaturas da GCM da frente da SMC, pois estava “pegando o mal” a secretaria estar sempre protegida por policiais. Para tanto, o andar do gabinete da SMC continua ocupado, e com uma pauta principal: a queda do secretário municipal de cultura André Sturm e encaminhamento do Plano Municipal de Cultura elaborado junto a coletivos da cidade durante a gestão anterior de Fernando Haddad.
O grande fenômeno, é a participação em peso dos agentes culturais da periferia, que enquanto trabalhadores da cultura, sabem e exigem seus direitos com um papo reto e sem devaneios e delírios insubstanciais dos discursos de seus algozes. Os artistas se organizaram com a Frente Única da Cultura, uma soma de todos os setores artísticos atuantes na cidade, para a defesa da cultura de São Paulo.
É preciso estar com os olhos atentos, essa nova situação pode ser usada como cortina de fumaça para as atrocidades das ações na cracolândia, o xadrez está se montando, e as mídias alternativas precisam estar acompanhando de perto as ações de Dória.
Centenas apoiando os ocupantes do lado externo da Secretaria - G1 31/5

O momento é de transformação, já não aceitamos mais, nem as migalhas da gestão petista e nem a reimplantação dos planos dos velhos burgueses, queremos a ruptura, a ação é coletiva, não há mais negociadores, não há mais comissões, ou negocia com todos ou não negocia com ninguém.

* Carlos Bals é músico, militante do M-LPS e ativista da Frente Unica da Cultura de São Paulo

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