Por *Carlos Bals
André Strum e Dória - Brasil de Fato 31/5/17 |
Depois do episódio em que o
secretário municipal de cultura, André Sturm, ameaçou quebrar a cara de um
agente do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo em 29 de maio, caiu a gota
d`água de uma série arbitrariedades do secretário, que tem um tratamento
desequilibrado com os agentes culturais da cidade, e que demonstra na frieza de
suas falas, um amplo desconhecimento sobre políticas culturais da cidade de São
Paulo, mostra que muito além do partido e o projeto que representa, brinca de
ser um gestor público, como se estivesse brincando de casinha.
Ocupação da Secretária de Cultura Marcos Alves / Agência O Globo |
No conjunto de medidas de Sturm,
a prefeitura tenta sucatear os projetos que estão em andamento na cidade a mais
de 15 anos e provoca a maior demissão em massa de trabalhadores da cultura da
história de São Paulo, e não por falta de verba, pois esta estava aprovada e em
caixa, mas sim por uma ruptura, ou seja, projetos nascidos na gestão petista de
2001 tiveram sequencia na gestão Serra/Kassab, o que demonstra que mesmo fora
do ideal, e com dificuldades, das gestões tucanas, este secretário é o mais
despreparado dentre todos os outros que ocuparam este cargo. Ora camaradas,
estamos falando da maior secretaria de cultura da América Latina, ocupada por
Mário de Andrade!
Durante todos estes anos, a
cultura de São Paulo se desenvolveu amplamente, o que é produzido aqui, se
torna referência no mundo, a cultura da cidade produz conhecimento de todas as
linguagens artísticas. Muitos dos jovens que entraram em projetos de cultura
nas periferias, hoje se tornaram agentes culturais, alguns concluíram curso
superior, viraram mestres e doutores na área, a grande maioria do corpo de
cultura da cidade, tem mais formação, conhecimento e nível teórico e prático
superiores ao do secretário.
Resistência e luta
Ativistas culturais ocupam a Secretaria de Cultura de São Paulo |
Dia 31/05/2017 houve um ato
importantíssimo para a cidade, o andar do gabinete do secretário municipal de
cultura de São Paulo é ocupado por toda uma classe artística (em grande parte
periférica), representando vários setores da cultura, o secretário fica sitiado
em seu gabinete, e sai escoltado em uma viatura da GCM, os artistas não querem
mais “dialogar” com Sturm, o assunto agora é com o prefeito João Dória, que
evidentemente envia seu secretário de relações governamentais Milton Flávio
para ser mediador com os artistas da ocupação. A prefeitura está se preocupando
com a sua imagem, tudo está sendo gravado e filmado o tempo inteiro e lançado na internet com as hashtags usadas por João Dória, que a partir do momento que
começa a utilizar as ferramentas comuns da internet para fazer suas propagandas
em redes sociais, se depara também com o campo amplo e democrático do uso
destas mesmas ferramentas pelos coletivos.
Na maioria os ocupantes são ativistas do movimento cultural da periferia da cidade |
Uma medida acontecida ontem à
noite, foi a retirada das viaturas da GCM da frente da SMC, pois estava “pegando
o mal” a secretaria estar sempre protegida por policiais. Para tanto, o andar
do gabinete da SMC continua ocupado, e com uma pauta principal: a queda do
secretário municipal de cultura André Sturm e encaminhamento do Plano Municipal
de Cultura elaborado junto a coletivos da cidade durante a gestão anterior de
Fernando Haddad.
O grande fenômeno, é a
participação em peso dos agentes culturais da periferia, que enquanto
trabalhadores da cultura, sabem e exigem seus direitos com um papo reto e sem
devaneios e delírios insubstanciais dos discursos de seus algozes. Os artistas
se organizaram com a Frente Única da Cultura, uma soma de todos os setores
artísticos atuantes na cidade, para a defesa da cultura de São Paulo.
É preciso estar com os olhos
atentos, essa nova situação pode ser usada como cortina de fumaça para as
atrocidades das ações na cracolândia, o xadrez está se montando, e as mídias
alternativas precisam estar acompanhando de perto as ações de Dória.
Centenas apoiando os ocupantes do lado externo da Secretaria - G1 31/5 |
O momento é de transformação, já
não aceitamos mais, nem as migalhas da gestão petista e nem a reimplantação dos
planos dos velhos burgueses, queremos a ruptura, a ação é coletiva, não há mais
negociadores, não há mais comissões, ou negocia com todos ou não negocia com ninguém.
* Carlos
Bals é músico, militante do M-LPS e ativista da Frente Unica da Cultura de São Paulo
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