sexta-feira, 2 de junho de 2017

Após 24 de maio, avançar a luta e a organização de classe


 Declaração do Movimento Luta Pelo Socialismo (M-LPS)


*Por Coordenação Nacional 

O chamado “15M” foi a mobilização nacional com importantes greves em todo país e centenas de milhares nas ruas. A entrada em cena da classe trabalhadora modificou a situação.

A greve geral do dia 28 de abril consolidou a virada na situação política do Brasil. Até então a ofensiva política estava nas mãos da burguesia, aliada do imperialismo, desde a manobra parlamentar-midiática que encerrou o governo de colaboração de classes de Dilma e o PT, através da farsa do impeachment que preservou os representantes da burguesia nele. O objetivo real era atacar o proletariado e as massas trabalhadoras em todas as frentes visando aumentar a exploração do trabalho assalariado retirando direitos conquistados e reduzindo salários. Um ataque que a burguesia considerava que Dilma não seria mais capaz de realizar. Não com a intensidade, nem com a velocidade que impedisse a classe trabalhadora de reagir.

Aécio, Temer e Joesley

A reação da burguesia e de seus representantes políticos perante à divulgação pela Globo das delações de Joesley Batista, sócio da JBS, envolvendo Temer e Aécio Neves em esquemas de corrupção, foi a do pânico. O que lhes custou muito caro. As massas imediatamente foram para as ruas e tomaram a iniciativa política como há muito tempo não se via. O grito popular por Fora Temer, seu governo de canalhas e suas reformas reacionárias junto com a exigência por novas eleições livres e diretas ecoou pelos país inteiro como uma corrente elétrica. Quando os representantes políticos da burguesia reagiram – acostumados desde o impeachment a colocarem toda a esquerda na defensiva – era agora tarde demais. A capacidade de manobra se estreitou terrivelmente. Só restou a desfaçatez patifaria dos ladrões que, depois de rasgarem a Constituição, agora gritam cinicamente por eleições indiretas reivindicando essa mesma Carta Magna.

A entrada em cena da classe trabalhadora

A maré enchente contra o governo Temer e suas reformas não para de crescer desde a manifestação em 8 de março das mulheres e as paralisações e manifestações em 15 e 31 de março já anunciavam que uma virada iria acontecer. A grandiosa greve geral de 28 de abril faz uma reviravolta no cenário político brasileiro.

28 de Abril mais de 35 milhões paralisam na Greve Geral

Mais de 150 mil marcham em Brasilia 24 de maio

 Um novo alento é dado às manifestações. Curitiba, 10 de maio, manifestação popular em solidariedade ao Lula com mais de 40 mil pessoas. Em 24 de maio, 150 mil trabalhadores presentes na marcha do Ocupa Brasilia. A repressão da Polícia Militar ataca gratuitamente a marcha dos manifestantes. 


Mais de 100 mil em Copacabana pedem Diretas Já

  E começa uma resistência à repressão que vai levar o governo Temer à tentativa fracassada de se apoiar nas forças armadas, através de um decreto que repercutiu muito mal em todos setores da sociedade. E no Rio, em 28 de maio, domingo, gigantesca manifestação com mais de 150 mil pessoas em Copacabana em um grande comício pelas Diretas Já, mobilizando agora setores das classes médias, artistas, a pequeno burguesia e uma grande massa de assalariados.


Assembleia em fábrica de vidros no ABC Paulista contra co-participação

 No momento que estamos escrevendo este artigo passeatas do movimento de moradia em São Paulo com milhares de participantes por Diretas Já estão sendo feitas, protestos pela saída do secretário de cultura de São Paulo que ameaçou ir as “vias de fato” com um agente cultural, acirramento da disputa de terras no Pará provocando chacinas, fábricas no ABC paulista começam a mobilizar contra demissões e medidas de corte como a chamada “co-participação” dos convênios médicos. A entrada da classe trabalhadora na arena divide e desespera ainda mais a burguesia e o ilegítimo governo Temer.

Todas essas mobilizações bateram muito pesado no governo e no Congresso. A burguesia brasileira foi com sede ao pote em sua manobra parlamentar e pressionou seus representantes políticos a impor uma agenda de contra-reformas das mais profundas e brutais da nossa história acobertada por uma mídia que instaurou o ódio de classe no Brasil. Na orgia da farra fiscal do desacreditado Temer, querendo pilhar e saquear a República não se deram conta que era uma questão de tempo para o descontentamento popular sair do subterrâneo e aflorar à superfície como a obra invisível de uma velha toupeira. Agora todos estão colhendo o que semearam. Está se formando no horizonte um tsunami que cresce e que pode vir na direção das classes dominantes, se chocando com elas.

A burguesia cada vez mais dividida, mas nada está decidido

A ofensiva das massas fez fracassar todos os planos. O plano da Globo de substituir rapidamente o debilitado Temer por um presidente biônico, eleito indiretamente pelo Congresso dos ladrões, fracassou. Igualmente fracassou a tentativa de sitiar o Distrito Federal com apoio dos militares, buscando uma reedição farsesca e grotesca do Ato Institucional nº 5 da ditadura militar. Por duas vezes os militares recuaram.

Agora atenção! Atolado em denúncias, completamente desacreditado não somente com o povo que o via como ilegítimo desde que assumiu, mas junto à classe em nome da qual pretende aprovar as violentas contrarreformas citadas, Temer se agarra à faixa presidencial da mesma forma que um condenado à guilhotina se agarra aos pés do cadafalso. Como um tubarão morto no convés do navio ainda pode ferir gravemente com seus espasmos. Recusa-se a renunciar, enquanto tenta, com dinheiro público, comprar uma aparência de “normalidade” em uma situação completamente anormal. 

Por outro lado, Lula recusou o “acordão” da indiretas com o PSDB e PMDB, porque não tinha nada a ganhar com ele e tem outros planos para um possível governo de coalizão. Apesar das declarações públicas contra Temer, favoráveis às diretas já e contra as reformas de retirada de direitos, Lula se mantem reservado em mobilizar as massas. Da mesma forma, as direções reformistas no movimento operário são obrigadas a irem mais longe do que desejariam ir, mas puxam o freio de mão nas manifestações. Como vimos no Ocupa Brasilia em que a direção da CUT e outras centrais pediram para seus blocos não irem em marcha até o Congresso.

O contra ataque da burguesia já começou e vai se concentrar na votação pelo Senado da reforma trabalhista no dia 6 de junho. É um erro estúpido considerar que, mesmo com sua maior crise de legitimidade, a burguesia está em estado terminal. Ela dispõe ainda do aparelho do Estado e de enormes recursos econômicos e financeiros para continuar sua guerra contra o proletariado. Mas a crise de legitimidade, que contrapôs as classes dominantes contra a esmagadora maioria do povo brasileiro liberou forças centrífugas incontroláveis. 
Até agora nenhum acordo foi possível no Congresso para achar uma alternativa que viabilize as eleições indiretas. Com Temer ou sem ele, a burguesia continua dividida, seus representantes no parlamento cada vez mais desmoralizados perante a população, a mídia brigando entre si ,e o STF, resolveu fazer operação tartaruga. As denúncias a Temer e sua relutância em renunciar aprofundam a crise política e ameaçam todas as instituições. 
A burguesia hesita em remover Temer rapidamente, com receio de iniciar um efeito dominó e assim transfere a iniciativa ao proletariado, que pode chegar à conclusão de que será confiando em suas próprias forças, através da auto-organização independente que poderá enterrar esse governo e todas suas reformas definitivamente.

É hora de avançar

Nunca a situação foi tão favorável para o movimento de massas avançar na luta pelas Diretas Já e na organização pela base de uma Greve Geral capaz de por abaixo o governo corrupto de Temer.

As centrais sindicais marcaram indicativamente o período dia 26 a 30 de junho para uma nova greve geral. Mas os prazos podem se encurtar por conta da votação no Senado da reforma trabalhista. É necessário ter a compreensão que somente pela linha da frente única, da unidade das organizações operárias em defesa de suas reivindicações, que será possível avançar nestas jornadas de lutas, pressionando as direções tradicionais da classe trabalhadora a não recuarem perante o confronto de classe contra classe que está colocado pela situação política. Este é o caminho que o PSOL e a Esquerda Socialista devem investir e que abre as condições favoráveis para impor uma grande derrota política à burguesia e a patronal.

O Movimento Luta Pelo Socialismo (M-LPS) combate ombro a ombro com as demais organizações operárias, na unidade do “front” proletário. Somos componentes da classe trabalhadora e defendemos todos os interesses imediatos, econômicos e democráticos do proletariado assim como seus interesses futuros de emancipação como obra dos próprios trabalhadores. Ao mesmo tempo asseguramos nosso passaporte de independência política, nossas campanhas e nossas iniciativas políticas.

As nossas tarefas imediatas se concentram na preparação da Greve Geral, constituindo na base Comitês de Luta onde as condições o permitirem. Estes comitês podem auxiliar a classe trabalhadora a constituir sua própria auto-organização.
Avançamos na campanha por DIRETAS JÁ E ELEIÇÕES GERAIS, com essa palavra de ordem dialogando com o amplo espectro político das organizações operárias, dos movimentos sociais e com o sentimento das massas. Esta é a maneira para avançar o nível de consciência, de organização e experiência com os limites do reformismo.

Não as Reformas Trabalhistas e da Previdência - Nenhum Direito a Menos!

Fora com a República dos 1% - Nenhum Acordo Sem o Povo!

Organizar Desde a Base a Nova GREVE GERAL para Derrubar as Contra-Reformas!

FORA TEMER E O CONGRESSO! DIRETAS JÁ E ELEIÇÕES GERAIS!




São Paulo,  1 de junho de 2017



*Coordenação Nacional do Movimento Luta Pelo Socialismo eleita na Plenária Nacional em 1º de maio de 2017

3 comentários:

  1. O POVO AMADURECE...O SOCIALISMO É O ÚNICO CAMINHO.

    ResponderExcluir
  2. Só a luta organizada pode mudar a situação. Viva a luta do povo trabalhador!

    ResponderExcluir