quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ocupa Brasília 24 de Maio, mais um dia histórico


Por  *José Carlos Miranda


Mais um dia histórico. Num crescente na luta da classe trabalhadora, dezenas de milhares de trabalhadores e jovens desde a manhã do dia 24 de maio começaram a chegar à Brasília. Delegações de todos os cantos do Brasil e a primeira constatação: trabalhadores e jovens. CUT, Força, UGT, CTB, Conlutas, Intersindical, NTSC, CGTB, CSB, Confederações, organizações políticas, sindicatos independentes, coletivos de jovens, UNE, MST, MTST, algumas bandeiras de partidos políticos de esquerda PT, PSOL, PCdoB, PCB, PCO, por mais incrível que pareça, dividindo o mesmo espaço e em uníssono gritando Fora Temer Diretas Já! Vale ressaltar que alguns poucos entre as dezenas de milhares tinham faixa com outras palavras de ordem, porém eram muito minoritários.

Pela segunda vez em menos de um mês, a Frente Única se realizou, e mais uma vez a iniciativa estava com a classe trabalhadora, mostrando sua força e a possibilidade de avançar para derrotar o governo e os capitalistas com suas reformas de brutal ataque às conquistas e direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Nosso ônibus lotado com operários vidreiros, alimentícios, bebidas chegou cerca de 10:30, quando iniciou a concentração no estádio Mané Garrincha, onde contamos mais de 300 ônibus e mais gente chegando. Por volta das 12h esticamos nossa faixa “M-LPS DIRETAS JÁ -Vidreiros CUT” e começamos a integrar a marcha até a esplanada. A alegria e disposição de todos era contagiante, em um momento único parece que as divergências desapareceram!


Durante o caminho, nos aproximando da esplanada dos ministérios, vimos alguns aglomerados, em especial da Força Sindical voltando, nós estávamos no bloco da CUT ao lado dos petroleiros, continuamos caminhando. Chegando no gramado da Esplanada dos Ministérios vimos ao longe dois carros de som e continuamos a seguir em direção a eles quando ouvimos os primeiros estrondos e continuamos a caminhar. 



Nos mantivemos com nossa faixa a cerca de 50 metros do carro de som e vimos uma chuva de bomba de gás lacrimogêneo na manifestação legítima e pacífica. Foi uma batalha que durou várias horas: eles jogavam as bombas, a gente se afastava, abafávamos a fumaça tóxica e voltávamos e assim prosseguiu até a retirada dos carros de som.

Foi uma guerra campal que durou horas e uma violência desmedida da polícia militar. Seguramente o objetivo da violenta repressão era impedir que a Marcha de milhares se reunissem em um ato político. A solidariedade entre todos que estavam na linha de frente, panos com vinagre, leite de magnésia para aliviar a ardência, socorro imediato entre os que eram intoxicados, mantiveram a resistência por horas para tentarmos realizar o ato pacífico.




É claro que após tanta repressão e violência, as pessoas se dispersaram e começaram a se defender como com atos exagerados e alguns ruins, como quebrar pontos de ônibus que os trabalhadores utilizam. Mas isso não é nada perante a brutalidade e violência da polícia que atirava no rosto das pessoas e jogava bombas e atirava balas de borracha no local onde estava a manifestação pacífica.

Aqui vale ressaltar a coragem e ousadia tão necessária nesses graves momentos. E temos que registrar e saudar os militantes que estiveram na resistência e na linha de frente, a faixa do MAIS, do PSTU, CST, Juntos e militantes com camisetas da CUT, PSOL, PT, PCO, Levante, CTB e nossos camaradas operários do M-LPS que ficaram na linha de frente até o fim lutando ombro a ombro durante todo tempo da resistência.




E quando já estávamos de volta ao estádio Mané Garrincha para entrar nos ônibus, 
quando o ato já havia terminado, vimos passar por nós caminhões do exército. Mais um ato desesperado do frágil governo Temer.

Ocupa Brasília em 24 de maio nos trouxe várias lições:
- A capacidade de luta e ousadia da classe trabalhadora; milhares viajaram até Brasília, a classe e a situação impôs a Frente Única;
- É necessário e urgente manter a mobilização e a unidade para convocar uma nova Greve Geral;
- Os de cima ainda estão divididos e perplexos com a nova situação e procurarão deixar o povo trabalhador de lado para costurar uma “saída controlada”, é necessário ampliar atos em todo país por DIRETAS JÁ contra o pacto nacional que insinuam costurar;  
- A necessidade de articular um comitê permanente das organizações da esquerda socialista para enfrentar o período que se abre.

 E finalizo parabenizando os operários vidreiros do M-LPS que estiveram na linha de frente, que de forma criativa e militante pintaram suas faixas, camisetas, resgatando as mais firmes tradições operárias.

Esse é o caminho que pode possibilitar a auto-organização dos explorados e oprimidos, a criação dos comitês nos bairros, fábricas, locais de estudo e moradia, na luta contra as reformas por Diretas Já, por uma Constituinte Soberana e no desenvolvimento deste combate criar as condições para a ofensiva do povo trabalhador e da juventude para derrubar este sistema podre e abrir o caminho da luta pelo socialismo.


* Miranda é da Coordenação Nacional do M-LPS e veterano militante revolucionário e socialista do movimento operário brasileiro e internacional

PS: todas as fotos deste artigo foram tiradas por Miranda e Cacilda militantes do M-LPS

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Um importante Legado do bolchevismo.

Um importante Legado do bolchevismo.


Por *Andreas Maia e José Carlos Miranda

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Os jovens Marx e Engels
A experiência do partido bolchevique desde sua constituição como fração do POSDR (Partido Operário Social Democrata Russo), até sua total desnaturação pela burocracia personificada por Stalin, tem grandes ensinamentos e sempre precisa ser estudada. O que não significa uma repetição mecânica de suas palavras de ordem, resoluções etc. Compreender o contexto, as forças da luta de classes nacionais e internacionais, como se forjaram os quadros e a situação em que se encontravam, inclusive a história e formação das classes fundamentais, a saber, o proletariado e a burguesia e o carcomido regime Tzarista, são necessidades primordiais para este estudo e consequentemente seu aprendizado. Com este objetivo apresentamos este importante acontecimento que causou uma virada na forma de construção do partido bolchevique e teve papel decisivo no seu enraizamento no proletariado russo, em especial na classe operária. Utilizando as excepcionais ferramentas de análise dos fenômenos sociais deixadas por Marx e Engels, o materialismo histórico e o materialismo dialético, podemos tirar ensinamentos que nos ajudem a adotar as táticas para construção do partido revolucionário e ressaltamos, sem repetir mecanicamente teses e resoluções, mas com a aplicação prática na luta de classes no atual contexto histórico.



Lenin e Trotsky na comemoração de 2 anos da Revolução Russa
Neste ano, 2017, vamos celebrar os 100 anos da Revolução Russa que, através da intervenção das massas, explodiu em fevereiro de 1917 e teve o seu desfecho final em Outubro, com a instituição de um governo operário dos Conselhos

Para muitos da “esquerda” um acontecimento a ser lembrado, mas datado no tempo e no espaço. Algo que ficou no passado com o fim da União Soviética. Mas para os marxistas revolucionários uma revolução autêntica, criadora, onde as massas dirigidas por um partido revolucionário determinado a vencer, interviram nos acontecimentos mudando o curso da História do século XX. O partido bolchevique que liderou a Revolução Russa nos deixou um legado programático cuja atualidade é inquestionável, mas também uma rica experiência de um sistema de organização que mesmo sendo uma contradição em termos, centralizado e democrático ao mesmo tempo, pôde colocar o partido à altura para auxiliar a classe operária russa a levar a revolução até ao seu desfecho final.

Um interessante debate aconteceu na história do partido bolchevique que gostaríamos de compartilhar. É um rico relato dos acontecimentos e da democracia e desenvoltura da discussão na Revolução de 1905, que Trotsky chamou de “ensaio geral” da Revolução de 1917.
Os acontecimentos se desenrolaram durante as jornadas de luta do proletariado russo contra o regime do Tzar. A revolução de 1905 foi o ensaio geral da revolução que iria eclodir em fevereiro de 1917. Uma passeata liderada por um padre monarquista, ao ser duramente reprimida pelas forças policiais, liberou forças que a autocracia russa não pôde conter. A classe operária russa, “uma das maravilhas da história” segundo o historiador Isaac Deutscher, criou espontaneamente – em um país meio império meio colônia e como resultado do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo – uma das formas mais avançadas de poder do proletariado, os Conselhos (Soviets), inspirados na organização dos operários de Paris 34 anos antes, a Comuna.

Domingo Sangrento. Ataque a uma manifestação pacífica
desencadeou a Revolução de 1905 na Russia
O Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR) vivia uma intensa luta fracional quando aconteceram os acontecimentos de 1905. Dois anos antes, no seu segundo congresso, o POSDR se dividira em duas alas, uma chamada de bolchevique liderada por Lenin e a outra chamada de menchevique liderada por Martov, Plekhanov e muitos outros. A presidência do Soviet de São Petersburgo (Petrogrado) ficou com o jovem Leon Trotsky, que apesar de ter formalmente ficado com os mencheviques tinha uma posição independente em relação às duas frações da social democracia russa. Mas o comitê bolchevique de São Petersburgo estava contra o Soviet e preconiza o boicote a Assembleia. O argumento era o que essa ampla assembleia, o Soviet, não poderia ocupar o lugar do partido dirigente do proletariado, o que criaria ilusões nas massas e obstáculos à construção do partido.

Sob a direção de Radine, os bolcheviques de São Petersburgo chegaram a dar um ultimato ao Soviet ordenando reconhecer o programa do POSDR. É claro que essa posição sectária e insustentável só durou dois dias. No exílio, Lênin percebe claramente os sinais anunciadores da crise revolucionária de 1905. Mas também se preocupa – e com bastante irritação – que os quadros partidários de sua fração na Rússia tenham interpretado erradamente as propostas contidas no seu livro “Que Fazer? ”, escrito em 1902-03. Em seu livro, Lênin é bastante claro que a organização revolucionária tem o papel de ajudar a impulsionar o movimento espontâneo das massas.

Mas o estado de ânimo da fração bolchevique do POSDR revelou uma certa mentalidade que Lênin chamou de espírito “comitard” (ao pé da letra mentalidade dos homens dos comitês, mas que tem um sentido mais pejorativo, que pode ser interpretado como “mentalidade dos burocratas do comitê”). 

Pressentindo a erupção eminente das massas russas na cena política, Lênin tenta adaptar o sistema de organização do partido às novas condições que se anunciam. O que leva ao choque e a resistência dos “comitards” bolcheviques aferrados à interpretação mecânica do “Que Fazer?”. “Verdadeiramente, penso frequentemente que as nove décimas partes dos bolcheviques são verdadeiros formalistas” escreve Lênin em uma carta datada de 4 de fevereiro de 1905. Continuando “(...) devemos recrutar entre os jovens com mais audácia e generosidade, sem assusta-los. Esqueçam todos os velhos métodos doentes (...) Organizar, organizar e organizar de novo centenas de círculos, passem as habituais bobagens dos comitês hierarquizados a um segundo plano (...) Se não, desaparecerão junto com as honras dos “comitards” o selo oficial impresso em vocês” (...).
No III Congresso, que foi o primeiro congresso da fração bolchevique do POSDR, reunido em Londres reunido em 25 de abril a 10 de maio de 1905, Lênin empenha sua energia para extirpar – não sem impaciência – a mentalidade “comitard” da fração bolchevique. Lênin diz que “eu não podia permanecer sentado e explodir, ao ouvir dizer que não tem operários capazes de entrar nos Comitês (...) Com toda evidencia o partido está enfermo” e acrescentou: “O partido não existe para o Conselho do partido mas o Conselho do partido para o partido” (...) Em condições de liberdade política nosso partido pode ser e será inteiramente construído sob o princípio da eleição (...) Inclusive sob o absolutismo teria sido possível a aplicação de um sistema de eleições em um grau mais elevado do que existe hoje” (Lênin, Sobre a reorganização do partido, 1905).

Ao longo desse período, Lênin se esforça em rearmar sua fração no sentido de uma maior confiança no movimento operário de massa, condição prévia de abertura do partido para a nova vanguarda operária. Fazer a organização voltar a confiar em uma política operária: “A iniciativa dos próprios operários vai se manifestar agora em proporções que não ousávamos sonhar ainda ontem, como conspiradores e membros de pequenos círculos” (Lênin, idem). No III Congresso do partido, Lênin modifica os estatutos no sentido de uma abertura para o movimento espontâneo de massa e para a instauração da democracia interna: a autonomia relativa dos comitês locais é assegurada; o Comitê
Vladmir Ilich Ulianov Lenin em 1923
Central perde o direito de modificar sua composição; é amplamente instituído o princípio eletivo para os cargos responsáveis; é garantido o direito de se opor ao Comitê Central e combate-lo; as tendências minoritárias são protegidas; podem tornar públicas suas posições; o aparato clandestino do partido é obrigado a difundir um texto se for solicitada pela sexta parte dos membros locais do partido, entre outras tantas modificações no estatuto. Resumindo, tanto no plano teórico como no plano organizativo, Lênin se esforça em direcionar sua fração em direção ao movimento operário de massa.

Esta mudança foi reconhecida no prefácio da coleção “Doze Anos”, publicada em 1907, como o momento em que o bolchevismo ganhou sua formulação definitiva e que permitiu ao partido desempenhar um papel dirigente na revolução de 1917. Estas concepções que compõem o bolchevismo vão ser sistematizadas mais tarde no folheto “O esquerdismo: a doença infantil do comunismo”. Este exemplo da história do partido bolchevique nos mostra que nas organizações revolucionárias, em suas fases iniciais, em que não estabeleceram laços definitivos com o movimento operário de massa, o “radicalismo” e o “ultra-esquerdismo”, doenças da fase infantil do movimento, se espalham como um vírus terrível.

Prosperam melhor em movimentos isolados das massas onde inexiste um comportamento corretivo destas. Assim tanto o sectarismo como o seu outro lado simétrico, o oportunismo, decorrem que - na ausência de um trabalho de massas - as questões que, inconscientemente, acabam motivando a atividade política se determinam pelo subjetivismo dos “homens dos comitês”. O que conta é a realidade do “aparato”, ou pior ainda, “a realidade dos chefes de comitês”.

O problema enfrentado pelos bolcheviques nos relatos, em nossa opinião, é também um grande desafio para as organizações de esquerda que se reivindicam do marxismo na atualidade que o exemplo ilustra bastante. Os desvios sectários deste estágio de construção do partido colocam em evidencia a falta de experiencia e a imaturidade, deformações que são fortes em uma organização que ainda tem laços fracos com o movimento operário de massa (v. James Cannon, A História do trotskismo norte-americano). E a melhor maneira de superar isso é mudar de rota: deixar de ser um círculo de propaganda para se transformar em uma organização de combate da classe operária. Girar em direção às massas. Adotar táticas transitórias para estabelecer relações de enlace com o movimento operário de massa. Assim, é preciso respeitar a tradição bolchevique do centralismo democrático: a unidade na ação só pode ser consciente e eficaz se estiver baseada no livre debate, levar em consideração as posições minoritárias e estimulá-las a formarem tendências para apresentarem perante a organização suas posições e discutir até o fim, para que quando se votar, se vote com clareza e determinação. É somente dessa forma que o centralismo democrático pode ser exercido e a unidade na ação em torno da política aprovada pela maioria pode ser garantida.

 Na conjuntura de polarização social é fundamental e necessário que a organização siga um novo curso em direção ao movimento espontâneo de massa. A fase direcionada à propaganda do marxismo perante a vanguarda não deve ser abandonada, mas relativizada em função de um maior trabalho de agitação comunista no movimento operário de massa. A organização de propaganda é eficaz em períodos de calmaria política, mas em situações de intensa polarização social, de espasmos entre revolução e contrarrevolução, ela se torna conservadora.

Uma organização política, mesmo que minoritária no amplo movimento dos trabalhadores, pode perfeitamente começar a realizar a tarefa de adequá-la ao momento presente. O que vai ajudar em muito em consolidar o marxismo revolucionário no movimento operário vivo. E foi por conta desse novo curso tão necessário nessa conjuntura política polarizada na luta de classes, com tempestades e turbulência por todos os lados, que consideramos uma virada na forma organizativa muito diferente do “centralismo democrático” de nossa antiga organização.

Sob forte chuva milhares protestaram
Fora Temer - Diretas Já na Av. Paulista 21/5
Até a pouco, a maioria da classe trabalhadora tinha sido um fator ausente da arena política, por conta da decepção com a colaboração de classes do PT, do desanimo e pela inexistência de uma nova liderança que inspire confiança. O PSOL marcou alguns pontos nas últimas eleições, tem uma bancada parlamentar combativa, e uma penetração importante na juventude e movimentos de opressões, alguns setores do funcionalismo, mas ainda está longe da classe operária.

Apesar do clima de apreensão inicial desde as jornadas de junho 2013, que marcaram uma virada na situação nacional e mesmo no período do Impeachement, finalmente os trabalhadores retomaram a iniciativa política após muitos anos atordoados com a política de colaboração de classes implementadas pelo PT.

Como ajudar o movimento operário de massa a resistir e manter a iniciativa é algo que ultrapassa de longe nossas humildes forças. Mas podemos começar a fazer a nossa parte, que juntando com outras partes, na linha da frente única, pode abrir uma saída para desbloquear essa situação. O que coloca na ordem do dia as iniciativas políticas em direção a constituição de um partido operário de classe, independente, socialista e de massas. Que pode se desenvolver inclusive no próprio seio do PSOL, porém ainda num quadro indefinido na situação de organização e reorganização dos grupos, partidos e organizações que se reivindicam da luta pelo Socialismo.

A principal iniciativa que podemos fazer hoje na direção de um partido operário, socialista e de massas está no combate pela unidade da Esquerda Socialista, que por meio de uma Frente Unica, possa ser capaz de construir um polo de atração para os mais amplos setores conscientes da classe trabalhadora e da juventude.
A nova situação aberta com a delação da JBS colocando o ilegítimo Governo Temer na lona, abre de maneira mais intensa esta perspectiva.


 Andreas Maia e Miranda são da Coordenação Nacional do M-LPS e veteranos militantes revolucionários do movimento operário brasileiro e internacional.

domingo, 21 de maio de 2017

Fora UJS! Derrubar a direção pelega para a UNE voltar a ser perigosa!

Fora UJS! Derrubar a direção pelega para a UNE voltar a ser perigosa!


A UNE caiu em ampla  desmoralização perante a juventude.  De uma organização de luta, inimiga da Ditadura Militar, se tornou uma instituição chapa branca dos governos e afastada da juventude. Hoje a UNE não organiza os estudantes.

Dezenas de milhões de jovens brasileiros, e apenas alguns desses estão nas universidades. Quando estão, em sua maioria tem de pagar mensalidades caras para estudar em faculdades pagou-passou. Dos 9 milhões de candidatos que fizeram o ENEM em 2016, pouco mais de 400 mil conseguiram uma vaga pelo ENEM; e entre esses, apenas uns 200 mil conseguiram vagas em universidades públicas. A direção atual largou os estudantes à própria sorte.

Para entender essa situação, é necessário ir ao passado e encontrar o nó que paralisa a organização: há mais de vinte anos, a União da Juventude Socialista controla a UNE. A UJS, o braço juvenil do PCdob; partido que faz alianças com o que há de mais podre na política brasileira, como os golpistas DEM e PSDB no Maranhão, e toda uma enorme lista. Sendo o setor juvenil deste partido, a UJS segue a política suja da conciliação classes, de não levar as lutas até o final. Isto pode ser exemplificado com posturas e atitudes da direção majoritária no último período, de forte mobilização de estudantes pelo Brasil: a UNE não impulsionou o movimento de ocupações de universidades pelo país, chamando à formação de um Comitê Unificado de universidades e escolas ocupadas. Pelo caminho contrário, a UNE, junto com a UBES, procurou desmobilizar os estudantes, "dialogar" com os governos, levando as lutas para dentro das instituições e traindo os ocupantes.

Como a UJS se perpetua no poder?


A UJS tem se mantido no poder através de métodos clientelistas, burocráticos e despolitizados. Conquistam seus delegados para o CONUNE como se ele fosse uma grande festa, e não um congresso para discussão política. Dentro do CONUNE, através dos mais variados artifícios, tentam impedir que seus delegados tenham contato com as ideias e propostas da Oposição de Esquerda. É através de métodos rasteiros como esse que a UJS e aliados se mantêm no poder.

Durante a preparação para a Greve Geral do 28A a direção da UNE esteve muito mais interessada em usar a entidade para promover o "Lula 2018" que organizar os estudantes efetivamente. As manifestações foram grandes e com ampla presença de juventude organizada, apesar da majoritária se negar a mobilizar os estudantes em conjunto com as centrais sindicais e os movimentos sociais, no que foi a maior Greve Geral da história do país.

Em 2016, durante as ocupações de universidades que ocorreram, a UNE foi rechaçada pelos estudantes, quando não expulsa! Diziam os ocupantes: "Tirem suas bandeiras e métodos burocráticos daqui. Não nos representam!" Os estudantes têm consciência que essa direção não os representa.

Resultado de imagem para alesp ocupadaDurante as ocupações que se alastraram por todas as partes do país, num sinal de clara disposição de luta da juventude, a UNE, junto com a UBES (também também sob controle da UJS) tentaram barrar as lutas. Durante a ocupação da ALESP em São Paulo, em 2016, quando a juventude se levantou contra o Ladrão da Merenda, a UNE e a UBES negociaram com os políticos para encontrar uma saída que não colocasse em xeque as instituições. Fizeram isso em nome de si mesmas. Isso ainda está fresco em nossas memórias. Não esquecemos!

Ao invéns de se colocar ao lados dos estudantes, mobilizando-os para as lutas, os organizando, a direção da UNE, ao contrário, aparece ao lado de inimigos do povo e da juventude; tirando fotos com José Serra, um vampiro que quer entregar nossos poços de petróleo ao imperialismo; Kátia Abreu, eleita Miss Motosserra pelo Greenpeace (provavelmente por gostar muito das árvores), entre outras figuras ilustres. 

Enquanto a majoritária da UNE tira selfes com estes tipos citados acima para postar nas redes sociais, cursos estão sendo fechados pelas universidades públicas Brasil a fora; estudantes estão abandonando seus cursos por falta de programas de auxílio para estudantes gestantes; estudantes pobres vão abandonando a faculdade pois lhes cortaram os auxílios de que necessitam; o Ciência Sem Fonteiras vai sendo abolido. Enquanto programas de extensão e a pesquisa científica nas universidades estão paralisados, ou sendo sumariamente neutralizados pela política dos governos que diz que é necessário cortar gastos; e diz isso enquanto os governantes vivem como reis e assaltam a população com uma Dívida Pública que não foi ela que fez.

Para que o Fora Temer seja para valer!


A UNE como está sendo dirigida hoje, se nega a lutar efetivamente contra o governo ilegítimo e de ataques de Michael Temer. Ao contrário, com discursos inflamados, a ação da majoritária pára aí, não mobilizando realmente: apenas esbravejam "Fora Temer" contra o governo nas passeatas e atividades para transparecer uma imagem de combatividade.

Para ser combativa a UNE deve participar de todas as manifestações do povo trabalhador, e, junto com os trabalhadores, organizar uma Greve Geral da Educação para derrubar as reformas e jogar uma pá de areia no governo moribundo de Temer e Congresso Nacional corruptos. Para cumprir essa tarefa é necessário uma ampla unidade, e ao mesmo tempo, firmeza nas lutas, sem acordos ou negociatas com os governos e os partidos da burguesia. A linha política da atual majoritária, de apontar "Lula 2018" como saída para os estudantes é um verdadeiro desastre; até lá Temer já terá arrancado o couro do povo trabalhador!

Sabemos que Lula e o PT não são alternativas para a juventude e os trabalhadores. Traíram o povo desde que chegaram ao poder, com a Reforma da Previdência de 2003, e seguiram sua política suja de conciliação de classes, que resultou no golpe palaciano de 2016.

Por esses motivos, para levarmos uma luta efetiva contra Temer, é preciso dar uma guinada à esquerda na linha política da UNE para o próximo período. É preciso torná-la independente dos patrões, de seus partidos e dos governos. Apesar da atual direção, a UNE pode reconquistar a confiança da juventude com uma postura realmente combativa, com ações consequentes. A UNE tem um papel fundamental que é o de organizar o movimento estudantil brasileiro, ligando-o às lutas direitas dos trabalhadores, lutando por nenhum direito a menos, apenas mais direitos; e por uma política que defenda uma grande transformação social, seguindo o espírito revolucionário da juventude. Lutar pela revolução e pelo socialismo!

Resultado de imagem para oposição de esquerda da uneA Juventude do MLPS, combatendo pelos direitos, conquistas e reivindicações da juventude, busca organizar a juventude nesse sentido, ligá-la aos movimentos grevistas, na base da aliança operária-juvenil, estando nas portas das fábricas explicando a situação política para os trabalhadores e que a única saída é os trabalhadores tomarem seu futuro em suas mãos. 

Entendemos a importância que a UNE pode ter para a construção de dignidade para o povo trabalhador, chamamos voto na Oposição de Esquerda da UNE, por vermos nesse agrupamento o pólo mais combativo dentro da entidade. A juventude é guerreira e altiva, precisa de uma UNE de esquerda, combativa, independente dos patrões e dos governos.

O MLPS é um coletivo nacional de jovens, operários, trabalhadores que lutam pelos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Lutamos em defesa de serviços públicos, gratuitos e de qualidade para todos, pelo fim do capitalismo e pela revolução socialista. Leiam nosso manifesto de fundação: https://movimentolutapelosocialismo.blogspot.com.br

Lutar por uma UNE combativa! Todo apoio à Oposição de Esquerda!
Vamos juntos retomar a UNE e nosso direito ao futuro!
Fora Temer e o Congresso! Eleições diretas e Gerais, já!
Lutar contra o capitalismo e pela Revolução!
Junte-se ao Movimento Luta Pelo Socialismo!