Por Coordenação Nacional do M-LPS
"O mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as como uma quilha corta as ondas.”
Maiakówiski
Apresentação
No próximo período o movimento de massas passará por importantes momentos. As organizações políticas serão colocadas à prova. Viveremos momentos ricos onde os marxistas revolucionários, na linha da Frente Única, intervindo no movimento de massas, ajudem este movimento a avançar em sua independência política frente ao capitalismo e seu Estado, superando suas ilusões no reformismo. É o grande desafio do próximo período.
Durante meses travamos uma dura batalha por nossas posições políticas no interior da organização Esquerda Marxista. Mas a sua continuidade se tornou impossível, pois a compreensão totalitária da maioria da direção da EM de democracia operária impediu a continuidade do debate.
Somos veteranos e jovens militantes revolucionários, que participam e intervém no PSOL, mulheres e homens, combatentes na classe operária, no serviço público, no movimento estudantil, sindical e popular que se mantém fiéis a luta pelo socialismo e pela revolução. A situação política exige ousadia e ao mesmo tempo intervenção em direção as massas em movimento, na juventude e na poderosa classe operária brasileira. Continuamos a intervir na CUT defendendo a unidade dos trabalhadores, a independência dos sindicatos frente aos patrões, governos e do estado burguês.
Um mundo em convulsão
Este ano completam exatos cem anos da primeira greve geral brasileira. Também se completam cem anos da primeira revolução vitoriosa que levou a classe trabalhadora ao poder, a Revolução Russa. Essas datas são importantes porque marcam dois saltos de qualidade na consciência da classe trabalhadora, em um importante movimento por sua emancipação da exploração do sistema capitalista. Passados cem anos, o sistema capitalista enfrenta uma nova crise, de longa duração e de proporções mundiais. Sempre que suas crises cíclicas ocorrem, a burguesia se salva destruindo fábricas, empregos, direitos conquistados arduamente pela classe trabalhadora.
Só no Brasil o desemprego supera a casa dos 20 milhões e no mundo supera os 200 milhões, em dados conservadores da OIT. Ainda que as estimativas oficiais devam ser mais baixas que o número real, elas não podem ocultar que o número vem crescendo. A mesma OIT alerta que além do desemprego, cerca de 42% dos trabalhadores ocupados preenchem postos com alta taxa de vulnerabilidade, baixos salários e nenhum direito. E nos países subdesenvolvidos o número é ainda maior, com quase um em cada dois trabalhadores vivendo situação de vulnerabilidade. Em um terço desses países, o emprego informal afeta mais de 65% dos trabalhadores.
Junto ao desemprego crônico, a desregulamentação do trabalho e da circulação dos capitais e a flexibilização das leis tributárias, criam uma polarização crescente, onde um número cada vez menor de pessoas concentra um número cada vez maior de riquezas. Enquanto a classe trabalhadora sofre com o desemprego, em janeiro de 2016, relatório da ONG Oxfam afirmava que “as 62 pessoas mais ricas têm tanto dinheiro e bens quanto metade da população global.'. Já em janeiro de 2017, relatório da mesma ONG indicava que apenas oito pessoas concentravam a mesma riqueza que 3,6 bilhões de habitantes do mundo, ou seja, o equivalente de 2017 aos mesmos 50% do ano anterior.
Observamos no mundo um crescimento da polarização entre esquerda e direita, onde mesmo os cenários eleitorais, estão sendo protagonizados por representantes mais decididos e radicais de cada polo. Os limites das políticas reformistas impuseram aos partidos tradicionais reconhecidos pela classe trabalhadora a aplicação de políticas econômicas similares às dos partidos burgueses. Esta situação leva ao aumento do número de abstenções e também à batalha pela construção de outros partidos e lideranças.
Nesse processo de tomada de consciência, combatemos no caminho onde proletariado deixa de ser 'classe em si' para tornar-se uma “classe para si” e tomar em suas mãos seu próprio destino, faz-se necessária a construção de uma ferramenta para travar essa luta política pela revolução social: o partido revolucionário de massas e enraizado na classe operária.
Como internacionalistas saudamos e nos solidarizamos com as heroicas lutas da juventude e da trabalhadora em todo mundo. E pela proximidade e importância saudamos e apoiamos a heroica resistência do povo venezuelano contra a reação da direita nacional aliada ao imperialismo e julgamos um erro do governo Maduro ele se recusar a chamar os trabalhadores, camponeses e povos indígenas a tomarem o poder.
A luta pela independência e auto-organização dos trabalhadores
É com este objetivo que lançamos este manifesto, convocando cada ativista e militante que deseja romper com o sistema capitalista e seu rastro de barbárie para integrar esse movimento para juntos construirmos uma nova organização revolucionária.
Os marxistas não se deixam impressionar pelo caos aparente em que a crise capitalista lança a humanidade. Sabemos que mesmo em tempos de aparente paz social o povo trabalhador sofre com a exploração nas fábricas, as dificuldades de deslocamento nas grandes cidades, a dificuldade de manutenção do padrão de vida, com os salários corroídos pela inflação, entre outros problemas, que mesmo em tempos de capitalismo próspero permanecem.
Os marxistas não se deixam levar pelas aparências, porque observam a classe operária e têm extrema confiança na sua capacidade de despertar e criar os meios de superação desse estado de coisas. Sabemos que os movimentos espontâneos das massas têm certos limites e tende, via de regra, a se acomodar em espaços que não desafiem a política institucional. Afinal, são anos de consciência colonizada pela ideologia dominante que também atinge os partidos e organizações que se reivindicam do marxismo que através das politicas reformistas alimentam ilusões nas instituições podres. Mas sabemos que através de um partido revolucionário, que nas lutas ajude a classe operária a desenvolver sua auto-organização independente, a partir das reivindicações concretas e mais sentidas nos locais de trabalho e de estudo, os trabalhadores e a juventude se lançarão com maior vigor e com um justo programa no movimento para romper com tudo que está aí obstruindo a sua plena realização como seres humanos. Combatendo ombro a ombro na luta pelas mais simples reivindicações, procuramos elevar sempre o nível de consciência.
Defendendo um conjunto de reivindicações transitórias que, incorporando todas as reivindicações econômicas e democráticas mais sentidas pela classe trabalhadora abrem o caminho para que a classe pela sua própria experiência sinta a necessidade que para ela viver o capitalismo tem que morrer. As reivindicações transitórias preparam a classe para a luta política pelo poder e abolir a ordem existente. A ascenso da Luta de Classes no Brasil O dia 15 de março, que ficou conhecido como 15M, uma virada política aconteceu. A classe trabalhadora começou a despertar contra a ameaça macabra do repudiado Temer e seu Congresso de 400 picaretas de destruir todos os direitos do povo para engordar o lucro do capital especulativo. Ao tentar implantar esses planos a quadrilha que tomou de assalto o poder vai fazer terra arrasada na economia brasileira levando o Brasil para o abismo da miséria, desemprego e decomposição social. O dia 28 de abril deverá ser a abertura de um novo capítulo na luta de classes no Brasil.
Os trabalhadores, depois de conviver com a política de colaboração de classes, estão novamente confiando em suas próprias forças. Podem desencadear uma avalanche, abrindo as condições favoráveis para derrubar os planos de jogar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores e impor um xeque-mate no governo ilegítimo e corrupto de Temer. A Greve Geral do 28 de abril de 2017, segundo as centrais sindicais e vários analistas paralisou mais de 40 milhões de trabalhadores, houve paralisações e protestos em mais de 300 cidades, já é a maior Greve Geral da história. Este dia abriu um novo capítulo da luta de classes no Brasil. Se impõe agora marcar uma nova Greve Geral, ocupando Brasília, até derrotar as contrarreformas e dar um xeque mate no ilegítimo governo Temer e no Congresso de corruptos.
Um movimento, uma organização
Em nosso movimento cada integrante tem a possibilidade de se expressar e contribuir, através do livre debate, na elaboração coletiva da linha política. Nos organizaremos a partir de núcleos que discutirão, estudarão e planejarão a intervenção de cada militante para intervir nas lutas concretas do seu local de trabalho, estudo e moradia.
Intervimos na classe operária e na juventude, mas sabemos que a emancipação dos trabalhadores só poderá ser obra dos próprios trabalhadores. Nesse sentido, combateremos com todos os trabalhadores e a juventude pela defesa da independência dos sindicatos frente aos patrões, aos governos e sem a tutela do Estado burguês.
Os desafios são imensos em dimensão e duração. Reconhecemos a importância da juventude, que com sua combatividade e moral elevado, provocou a virada da situação política nacional, a partir das jornadas de junho de 2013. Por isso nos dirigimos a todos os jovens, para estabelecermos um combate por acesso à educação universal, gratuita e de qualidade para todos, inclusive universitária. Conjuntamente, lutamos pelo acesso universal e gratuito à saúde, transporte, cultura e lazer. Como movimento para a construção de um partido revolucionário, sabemos que devemos nos dirigir às novas gerações. Pela troca saudável dos acúmulos e experiências das gerações, construiremos um movimento forte e combativo.
Lançamos este Manifesto nesta plenária, em 1º de maio de 2017, como a pedra fundamental de um edifício que será erguido por muitas mãos colaborando juntas na enorme tarefa de ajudar na construção de partido revolucionário com programa marxista e o método do materialismo dialético. E que só pode ser completar na luta pela construção de uma Internacional revolucionária e de massas. Constituímos com este manifesto do Movimento Luta Pelo Socialismo, um movimento pela construção de um partido revolucionário.
Contamos com a contribuição de todos e todas na direção de construir essa ferramenta, através do estudo, da elaboração política, da contribuição efetiva na luta da classes com uma política consequente que impulsione cada movimento adiante e pela conquista dos ativistas e militantes.
Combatendo cotidianamente, construindo núcleos de nosso movimento em todos os cantos deste país, pelas reivindicações, pelo fim do regime da propriedade privadas sobre os grandes meios de produção e na luta pela revolução socialista.
Juntem-se a nós!
São Paulo 1° de Maio 2017
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